Apartamento pega fogo no PR, e vítima se pendura para salvar mãe e criança
Um laudo pericial apontou que o incêndio no apartamento da advogada Juliane Vieira, que se pendurou no suporte de ar-condicionado para salvar a família, não foi intencional e começou na cozinha.
O documento, obtido com exclusividade pela RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, descartou a possibilidade de ação criminosa e não identificou a causa exata das chamas.
O caso aconteceu na manhã de 15 de outubro, em Cascavel, no oeste do Paraná, e imagens divulgadas nas redes sociais mostraram Juliane pendurada em um suporte de ar-condicionado, do lado de fora do prédio, tentando salvar a família. No apartamento estava a mãe da jovem e o primo. Assista acima.
O laudo tem dez páginas e traz fotos do local após o fogo. Segundo o perito, “não foram encontrados elementos elétricos que possibilitassem a análise da ocorrência ou não de curto-circuito”.
Segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas foram controladas após cerca de uma hora. O perito chegou ao local cerca de cinco horas e meia após o início do incêndio, logo depois do trabalho dos bombeiros.
Imagens mostram como ficou apartamento após incêndio no PR. — Foto: Reprodução
Em outro trecho, o documento afirma que “não foram observados focos múltiplos de incêndio, uso de agentes acelerantes ou qualquer outro vestígio que indique ação humana intencional”.
A conclusão da perícia aponta que as chamas tiveram início na cozinha, próximas à geladeira e aos armários. A fonte de ignição, porém, não pôde ser determinada.
Relembre o incêndio
O incêndio aconteceu em um apartamento no 13º andar e começou na manhã do dia 15 de outubro. O edifício fica no cruzamento das ruas Riachuelo e Londrina, no bairro Country, em Cascavel.
Conforme apurado pela RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, o fogo foi visto por trabalhadores de uma obra ao lado do prédio. Eles foram até a portaria do condomínio e avisaram o porteiro, que informou os moradores, desligou o gás e a energia, e disparou o alarme de incêndio.
No apartamento, estavam Juliane, a mãe dela, Sueli, e o primo, Pietro, de 4 anos. Todos estavam dormindo quando o fogo começou. A prima dela, que é mãe da criança e também vive no imóvel, havia saído para ir à academia e não estava no local no momento do incêndio, segundo apurou a RPC.
Depois de sair pela janela e fazer o resgate, Juliane foi retirada pelos bombeiros.
Os outros moradores do prédio saíram do local em segurança.
Infográfico – Mulher se pendura em ar-condicionado para salvar mãe de incêndio em apartamento no PR — Foto: Artes/g1
Como foi o resgate
Bombeiro explica porquê mulher foi resgatada por dentro de apartamento em chamas no PR
Vizinhos ajudaram Juliana a realizar o resgate da mãe e do filho da prima dela pelo apartamento de baixo. Patrick de Andrade foi um deles, e contou que o único medo era de que a mulher acabasse caindo.
“Ela estava pendurada e escorada na caixa de ar-condicionado. Ela estava cansada, mas conseguia se manter, então foi mais o trabalho de ir tranquilizando ela, pois nosso medo era ela tentar descer, a gente não conseguir pegar e ela cair”, contou o vizinho.
Patrick mora no mesmo andar em que o fogo começou. Ele e a esposa estavam se arrumando para ir trabalhar, quando ouviram gritos e saíram para ver o que havia acontecido. Quando chegaram ao corredor, viram uma fumaça preta saindo do apartamento vizinho – que estava com a porta trancada.
O bombeiro Edemar de Souza Migliorini, um dos militares que salvou Juliane Vieira contou que a equipe precisou resgatar a vítima por dentro do local em chamas porque, pelo lado de fora, seria mais arriscado.
Ele explicou que o fogo estava muito avançado e que não havia tempo para montar um sistema de retirada da jovem pela janela. Assista acima.
“Não teria tempo para montar um sistema e retirar ela por fora, o que seria mais seguro. Então, a opção foi mesmo trazer ela para dentro do imóvel. Retirar ela pela janela de baixo seria muito arriscado […] Cobri ela com um cobertor e retirei pelo mesmo caminho que entrei”, disse o bombeiro, que ficou ferido durante o resgate.
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Estado de saúde
Juliane foi socorrida em estado grave, com 63% do corpo queimado, e está no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Universitário (HU) de Londrina.
A mãe da jovem, de 51 anos, foi internada no Hospital São Lucas, em Cascavel, mas recebeu alta no dia 26 de outubro.
Sueli Vieira dos Reis foi resgatada pela filha de dentro de apartamento em chamas no Paraná — Foto: Arquivo Familiar
O primo, Pietro, de 4 anos, foi encaminhado ao Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), em Curitiba, devido à inalação de fumaça e queimaduras nas pernas e mãos. Ele recebeu alta no dia 31 de outubro.
Dois socorristas que participaram do resgate de Juliane também ficaram feridos e precisaram de atendimento médico.
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